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O Brinquedo de Jesus (VII)

Se voltarmos ao passado, nós adultos, gostávamos de brincar e ganhar brinquedos de presente. Tempo bom que não volta mais! Como já afirmamos anteriormente, Santa Teresinha definiu a sua espiritualidade no que denominou de “Pequeno Caminho” e este está todo centrado na fase da infância. O temperamento e a sua personalidade tendiam para uma espiritualidade que tomasse a criança como referência (cf. Mt 18,3).

Partindo da sua espiritualidade e da sua devoção a Jesus, enquanto Menino, a Santa criou a ideia de ser um brinquedo do Menino Jesus. Daí ter nascido a expressão teresiana “infância espirtual”.

Provavelmente esta ideia surgiu depois dela ter conhecido uma poesia de Dom João Leonardo intitulado justamente “O brinquedo de Jesus”. E foi por intermédio de Madre Inês, que ela a conheceu, por volta do final de outubro ou começo de novembro de 1887.

Imaginando ser um brinquedo de Jesus, Santa Teresinha se identificava como sendo a sua bolinha. Depois de sua audiência com o Papa Leão XIII, em Roma, no dia 20 de novembro de 1887, escreveu: “Desde há algum tempo eu me oferecera ao Menino Jesus para ser seu brinquedinho, lhe dissera para não se servir de mim como de um brinquedo de valor que as crianças se contentam em ver sem ousar tocar… queria divertir o pequeno Jesus, dar-lhe prazer, queria me entregar aos seus caprichos infantis… Ele ouvira minha prece”.

À primeira vista pode parecer uma ideia simples e infantil, mas não é nada disso. Ser brinquedo de Jesus significa consagrarmo-nos à vontade divina totalmente, de modo que Deus possa fazer de nós o que bem quiser e ficar, depois de tudo, sempre alegre e satisfeito.

MeninoJesus_Fra_Angelico

Também significa aceitar toda e qualquer atitude de Deus como se fosse um capricho infantil de Jesus e aceitar com alegria por estar alegrando Jesus. Neste caso, por exemplo, sofrer, alegre e feliz, provações, desprezos, incompreensões, não realizar seus sonhos… Portanto, ser brinquedo de Jesus exige coragem, decisão, força de vontade, correspondência à graça divina, confiança e profundo amor a Deus.

Vamos concluir, lendo com o coração a poesia “O brinquedo de Jesus”, de Dom João Leonardo.

 

Tu sofres, Jesus, meu divino irmãozinho.
E, para enxugar tuas lágrimas, não tens nenhum brinquedo.
Venho me oferecer a ti, certamente aceitarás,
espero te divertir com esse pobre objeto.
Quisera, nas tuas mãos, de uma bola flexível,
possuir a flexibilidade no grau de teu desejo.
Joga-me, quebra-me, quero ser insensível a tudo,
exceto ao teu bel prazer.
Quanto mais me lançares fortemente no chão,
tanto mais alto, meu doce Jesus, saltarei para ti.
Não temo teus chutes, ó meu amigo, meu irmão,
diverte-te comigo.
Quero que no momento seja a criatura
que me rejeite para longe com menosprezo, desdém.
Então, bem prontamente, rolo sem murmúrio Jesus, para tua doce mão.
Quando me levantas com teu sorriso amável,
tu dizes: “Estou contente!”, eu salto de prazer.
Sofrer se torna um jogo quando teu coração adorável
de meu coração pode gozar.

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Por, Pe. Antônio Lúcio, ssp

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